Quero dormir na praça do ferreira!
Esquecer a metonímia dos discursos vertiginosos,
não mais notar a dama-de-lama de vestidos pomposos.
Nem ter de dizer " não tenho" à criança sem eira nem beira.
Aqui, tudo gira inexprimivelmente fugaz.
Sinto os fantasmas silenciosos de outrora
Que em ossos efêmeros a imagem some na aurora,
Tornando-se poesia rica e tenaz.
Quero deitar-me nesses bancos e adormecer,
Sentir a vida escorrer por entre os dedos
Esquecer minha casa, Bartok e os arvoredos
E gritar com os habitantes dos bancos: eis-nos a perecer.
Já não posso mais, retornar à rua costumeira
Por onde eu vá, Mário em putrefera aparência
Está sempre a dizer:" porque não dormirtes na praça do Ferreira?".
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Negro imundo
Negro imundo!
Negro vil de trêmulo futuro.
Negra-sangue que, de chicotadas inacabáveis,
Fez rasgar-lhe a carne e, de teu ventre cair os negros-bandidos dos brasis cinzentos do futuro.
"Negro"
"Negro"
Nego-o
"Nego-o até morrer", não são tão reais como Jesus na cruz, neste tronco a gemer.
Mas, parece-me que uma foice e um martelo foi o que lhe deram, e tu adornaste com muito esmero, para de qualquer forma perecer.
Negro, porque odeio-te tanto? Sei que também moras nos livros, lá na estante. Não apenas na prisão que contemplo, em meu castelo.
Negro vil de trêmulo futuro.
Negra-sangue que, de chicotadas inacabáveis,
Fez rasgar-lhe a carne e, de teu ventre cair os negros-bandidos dos brasis cinzentos do futuro.
"Negro"
"Negro"
Nego-o
"Nego-o até morrer", não são tão reais como Jesus na cruz, neste tronco a gemer.
Mas, parece-me que uma foice e um martelo foi o que lhe deram, e tu adornaste com muito esmero, para de qualquer forma perecer.
Negro, porque odeio-te tanto? Sei que também moras nos livros, lá na estante. Não apenas na prisão que contemplo, em meu castelo.
domingo, 26 de julho de 2015
Meus pés agora fizeram-se tristes nuvens
que de sombria elevação, pairam sobre homens terrenos.
como eu queria, estar perdido em quadros de rubens
e em teus olhos, esquecer a ganância cálida em que desfazemo-nos.
Aqui, elevado acima dos reinos, à procura de rara flor
o meu sangue jorra em garganta desgasta,
desgasta de declamar poemas em teu amor
e gritar aos homens mortais que toda guerra já basta.
Mas, bem sei que devo retornar aos efêmeros desejos,
sei que excelsa quimera já não é o meu lugar.
Esquecer a bela flor e os impossíveis insejos
que minha mente em inquietude fora lograr.
Sinto-me cair dos sonhos sublimes mais que elevados.
Sim, bem sei que viverei no lodo dos homens azafamados.
Brasis
- Corre lá, o português chegou, o negro desabou e a águia já comeu
o índio inteiro.
- Grita, assobia , joga bola mas, só não faz demora, pois a escola de samba
vai entrar.
- Eita, pera lá! E agora menina? Acabou-se o arroz, o feijão e a farinha. O que vamos fazer?
- Calma, deixa de agonia! Não lembra que o homem da estrela dizia, que nossa fome iria matar? deixa que a nossa comida deus vai mandar. A nova já cameçou;
Livra-te
Livra-te dos teus primeiros enganos,
dos primeiros encantos
em que teus sentidos se envolveram.
Livra-te do sotaque, dos tique e recalques
pois, a raiz na tua alma já chegou.
Livra-te da deusa ideologia
e escreve os teus próprios mandamentos,
seja no monte sinal ou no monte de escremento,
Todavia, ele terá valor.
Livra-te da cultura, quem sabe assim, por novas ruas
tua mente possa andar.
Tempo
Perdeu-se o Olhar.
Perdeu-se.
Exacerbado, sonolento, Caminhante, Perdeu-se dentro de si mesmo.
Era agora, talvez nunca, ou o nunca; seja uma aposta.
O nunca é suave, escorre na garganta e prende-se aos teus pés.
É insuficiente, devora a gente,
Mas, o nunca cabe no bolso, na sola do sapato e na lágrima da menina.
Lembro de um tempo, tempo em que carregava uma mochila,
E na mochila carregava o tempo.
Vi ele cair e quebrar-se em mil pedaços.
Pobre tempo, se estivesse na mochila,
Não terias quebrado.
A prostituta da esquina
É no castanho dos teus olhos, e na segurança de seus braços que se perde o pudor.
Lá na esquina, na esquina do meu pensamento, que teu olhar perdeu-se no vento.
De cara limpa e alma suja, atravessava a rua, com um certo lamento.
Não se sabe se é menina ou mulher, talvez; um pensamento, de um homem qualquer.
Mas ela esteve na esquina, triste e sombria, como aquela tal elegia que tira do poeta o respirar.
Agora ela vai embora, como um sonho que evapora, de uma noite qualquer.
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